Uma pesquisa realizada com 6.544 pacientes da unidade de check-up do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, mostrou que 91% dos pacientes que estavam em uma condição de alto risco cardíaco no momento da avaliação subestimavam essa situação. O estudo, coordenado pelo cardiologista Marcelo Katz e publicado no “European Journal of Preventive Cardiology”, buscou quantificar a percepção que as pessoas tinham de seu próprio risco cardíaco e comparar com o risco real de sofrer eventos cardiovasculares no futuro.Os participantes foram avaliados e classificados de acordo com padrões estabelecidos em três níveis: baixo, médio e alto risco. 72% das pessoas na faixa média também subestimaram sua condição.Principais fatores de risco:Veja nesta tabela os principais fatores que podem elevar o seu risco cardíaco; alguns deles podem ser controlados, como sedentarismo e tabagismo, enquanto outros não, como a idade e o sexo.• Idade (quanto mais idoso, maior o risco).• Sedentarismo.• Obesidade.• Gênero (homens correm maior risco que mulheres).• Hipertensão arterial.• Diabetes.• Fatores hereditários.• Má alimentação• Estresse.• Níveis de colesterol (avaliados pelo cardiologista).Mudança de hábitosFaz parte da rotina de trabalho dos cardiologistas identificar riscos cardíacos nos pacientes e sugerir mudanças, principalmente na alimentação e atividade física, para reduzi-los. “Essa é a parte difícil”, diz José Eduardo Marquesini, cardiologista do Hospital VITA Batel e do Hospital do Coração; “fazer com que as pessoas adotem hábitos saudáveis”. Segundo ele, alguns poucos pacientes assimilam bem as recomendações, mas a maioria resiste.Mesmo confrontadas a um alto risco e à perspectiva de ter problemas cardíacos, a reação dos pacientes varia. “Todos nós temos um estilo de vida, adquirido ao longo de décadas, e é muito complicado pedir para modificar isso”, diz Marquesini. Ele afirma que às vezes nem mesmo um infarto é suficiente para que a pessoa mude: “Vejo infartados, que sofreram cirurgia cardíaca e continuam fumando”. Também é comum que a pessoa mude os hábitos logo depois de um trauma, como um infarto, mas depois do susto começa a retornar lentamente aos antigos hábitos.Para alcançar uma mudança real, que diminua o risco cardíaco, Marquesini busca explicar aos pacientes os mecanismos de como as mudanças podem trazer benefícios, e também sugere apoio psicológico, por exemplo, para ajudar a abandonar o tabagismo.30 minutos por diaUma das formas mais eficientes e fáceis de seguir para reduzir o risco cardíaco é sair do sedentarismo absoluto, explica Thiago Matsuda, cardiologista do Hospital VITA Volta Redonda. Segundo Matsuda, basta caminhar 30 minutos por dia, cinco vezes por semana. “É o mínimo recomendado de atividade física, mas já ajuda muito”, afirma. Ele também alerta que o fator de risco mais importante é a idade, portanto quanto mais idosa a pessoa, maior deve ser seu cuidado com a saúde.Os médicos admitem que esses pedidos de mudança na alimentação e nos hábitos são complicados, principalmente porque se pede um grande esforço e a recompensa é … ‘não ter nada’, ou seja, não desenvolver uma doença em potencial. Mas adotar hábitos saudáveis vale a pena, eles vêm acompanhados do bem estar que a atividade física e a redução de peso trazem, além de preparar a pessoa para aproveitar a terceira idade com mais saúde e independência.
Fonte: http://portaldocoracao.uol.com.br/cardiologia-preventiva/estudo-mostra-que-brasileiros-subestimam-o-seu-risco-cardiaco